WILL YOUNG, O POP E A FUNÇÃO DA ARTE NOS DIAS ATUAIS

Partindo do pressuposto de que ‘arte’ se constitui de unidades bilaterais, não cairei no paradoxo de defini-la, muito menos na leviandade de lhe dar valor. O critério é seu, e o apanhe de acordo com a sua subjetividade. Portanto, de uma coisa não podemos negar, Arte é algo transcendente na história da vida humana e existe desde a Pré-história.
Mas qual seria a relação entre Young e a fundamentação da arte? Não tenho a pretensão de dar respostas, mas sim saciar minhas dúvidas quanto a necessidade vigente de se ‘consumir’ materiais na vida atual, sejam estes sonoros, visuais, sólidos ou sensoriais.
Quando me deparo com um novo cantor - isso acontece de duas formas: a primeira delas por intermédio de um amigo, e a segunda e mais corriqueira o descobrimento aleatório em sites de música ou canal de tevê -, a primeira reação é fundamental. Quando me interesso, levando em consideração a harmonia, o tom de voz, o estiloso estranhamento e a complexidade para o entendimento do gênero. Vou à busca de mais para tentar entender e descobrir o que compõe tais elementos.
Young tem 27 anos, e só chegou ao lúmen da fama em 2002 por conta de sua vitória no programa de tevê Britânico Pop Idol, Sim, ele é estrangeiro e suas músicas são cantadas em inglês. O que mais me comove em Young é sua capacidade de concisão e latência de sua musicalidade. Tudo isso antes de ler e traduzir alguma de suas letras, o que depois me fez perceber que não se trata apenas de uma melodia aparentemente simplista e comercial, mas sim de um desejo maior: a informação.
Acalme-se, não redigirei um artigo científico para falar de música, mas confesso ser necessário pontuar todos os elementos a serem discutidos aqui antes de lançar minhas hipóteses deixando o caminho aberto para outras.

Falar de informação diferentemente de reprodução de dados é algo, a meu ver, cada vez mais raro na atualidade. A informação da qual me refiro aqui é aquela capaz de formar opinião, auxiliar na construção de uma idéia ou até mesmo uma ferramenta para sanar dúvidas: seria então a função da Arte, informar?
Considerando que vivemos cercados de contribuições ‘artísticas’ inférteis de ‘informações’, constituindo-se apenas da sua finalidade reprodutiva e massificadora, remeto-me o conceito da Pop Art.
Para quem não sabe o que significa isso, aqui vai um drops: “O conceito de Pop Art surgiu como uma rebelião aos estilos convencionais de arte, levando homens e mulheres às realidades do dia-a-dia, o que ficou conhecido como cultura popular. Surgida inicialmente na Inglaterra, com expansão na América do Norte nos anos 1960 e posteriormente França. O Pop Art começou a tomar forma quando alguns artistas influenciados pelos ícones urbanos, tais como selos, etiquetas, produtos e marcas da propaganda, se apropriaram destes elementos dando-lhes resignificações com caráter artístico. Sendo o principal objetivo criticar a sociedade por causa do início de uma era consumista. Contudo, o termo Pop Art foi empregado pela primeira vez em 1954 pelo crítico inglês Lawrence Alloway, para designar produtos da cultura popular ocidental, especificamente Norte Americana. A linha tênue entre a nova cultura popular e sua validação canônica está no fato de que ao mesmo tempo em que se produzia a crítica, o Pop Art se apoiava à necessidade do consumo, ou seja, era necessário que se vendesse arte, tanto quanto se valorizava à épica. Assim, o que antes era considerado brega, virou moda, e já que tanto o gosto, como a arte tem um determinado valor e significado conforme o contexto histórico em que se realiza, o Pop Art proporcionou a transformação do que era considerado vulgar, em refinado, e aproximou a arte das massas, popularizando a Arte e seus arraigados conceitos.”
Desse modo posso entender que Arte não é entretenimento e muito menos lazer, pois além de seu caráter de informativo ela sugere a crítica e auxilia na mudança da mentalidade de um período, apresentando o retrato social e silenciando através de sua estética.
Assim, utilizando de Panofsky, Arte é tudo o que nos permite poder enxergar o presente num quadro em perspectiva sem distorções pessoais e institucionais. Sem o seu auxílio informativo e transformador, o nosso cotidiano da guerra e da fome tornam-se miragens surreais e, então, impedimos nós mesmos do transcender em detrimento às limitações provinciais do tempo e do espaço, não tomando para nós a parte que nos cabe da evolução no influxo da alma.
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