Bicentenário da Independência do Brasil

François-René Moreaux, Proclamação da Independência do Brasil (1844)

O Rio de Janeiro foi a capital do Império Colonial até 1822 e a sede da decadência política do seu regime, região que sofreu grande parte do processo de Independência. Todavia atribui-se às margens do Rio Ipiranga, atual cidade de São Paulo, o famoso grito da Independência dado por Dom Pedro I.


A imagem mais famosa a forjar o ato pelo grito é a pintura Independência ou Morte (1888), criada pelo filósofo, artista plástico e escritor brasileiro, Pedro Américo (1843-1905). Há muitos mistérios em torno dessa pintura. Pedro Américo veio concluir a icônica pintura histórica, apenas em 1888, na cidade de Florença, Itália, onde faleceu. Com menos imponência, e contratado pelo senado imperial, o fotógrafo e artista plástico francês, François-René Moreaux, pintou a obra Proclamação da Independência do Brasil (1844), vinte anos depois do gripo proferido às margens do riacho do Ipiranga. Segundo alguns historiadores, o quadro de Moreaux representaria mais a realidade experienciada por Dom Pedro I, do que a famosa pintura de Américo.

Pedro Américo, Independência ou Morte (1888)

A população na Colônia era heterogenia, e nesse contexto produzia-se o cultivo e a estratificação da cana de açúcar e o café. O Brasil já era uma economia forte na época, a terceira do mundo, segundo Boris Fausto. Naquele período era usual dizer que a monarquia é o café e o café é o negro, portanto sem o negro não havia razão de lutar por um Império. Esse era o grande dilema da elite que dominava e orientava costumes no Brasil.

Africanos transplantados, crioulos (filhos de africanos nascidos no Brasil), e mestiços cativos e libertos protagonizaram de lados opostos a disputa pela Independência. Os interesses eram muitos, sendo ora coletivos ora individuais. Há registros históricos de escravizados que lutaram contra e a favor da armada patriota do Brasil. Ambos desejavam a liberdade, embora com perspectivas diferentes.

A elite branca constituída por comerciantes e os fazendeiros dominavam a economia e os costumes; e por essa razão, se sentiam ameaçados pelo levante dos negros que poderiam reivindicar a liberdade do cativeiro. Conservadores temiam rivalizar contra estrangeiros. Acreditavam que as disputas poderiam desorientar o comércio e causar prejuízos. A Independência do Brasil da metrópole portuguesa não significou grandes mudanças ao Império, já que se manteve enquanto monarquia e economicamente escravocrata. Apesar de se livrar da metrópole portuguesa se mostrou dependente comercialmente da Inglaterra.

O processo de Independência foi complexo porque envolveu interesses comerciais externos, como a interferência da Inglaterra; dos Estados Unidos, e da América Espanhola. Ao longo do seu processo conflituoso, marcado pelo surgimento da primeira grande dívida externa do Brasil com a Inglaterra, o Brasil se tornou uma Monarquia entre Repúblicas.

O Rio de Janeiro, o sul do Brasil e a Bahia foram províncias cruciais e vanguardistas no processo de independência do Brasil, protagonizando vários conflitos armados. Na Bahia, o 2 de julho de 1823 é mais importante do que o 7 de setembro de 1822.

Os ingleses tinham o interesse na preservação de mercados externos e no controle comercial de antigas colônias europeias pelo mundo. Os Estados Unidos reconheceram a Independência do Brasil antes da Inglaterra, porque os ingleses queriam forçar a extinção do escravagismo no Brasil, porém a elite brasileira e o Império eram contra. Em agosto de 1825 o Brasil assinou um tratado para compensar a Metrópole em £ 2 milhões de libras, e concordou em não agregar outras colônias ao seu Império. O pagamento se deu através de empréstimo realizado em Londres.




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