BEETHOVEN EM LATAS DE SPRAY?

Em um dos episódios de Peanuts (Charlie Brown), Lucy, irmã de Lino, tenta fazer com que Schroder, por quem é apaixonada, abandone momentaneamente sua adoração por Beethoven e assim voltar seus olhos para ela. Schroder não desiste do piano e a rejeita incessantemente. No mesmo episódio Bete Pimentinha liga para Lucy e pergunta se ela consegue ajudá-la na coordenação da festa do grêmio estudantil que tem uma banda. Lucy imediatamente pensa em uma estratégia para convencer seu amado a tocar piano com a banda do colégio. Portanto, muitos imprevistos acontecem e Schroder se nega a abandonar o seu ídolo para tocar música popular (Rock’n roll) em companhia com o resto da banda. Ele acredita que se o fizer estará traindo seu ídolo clássico. Ao final do episódio, sem a companhia do pianista, a banda se une em confraternização utilizando som mecânico e sintetizadores para comemorar a ocasião, e Lucy encerra o episódio com a frase: “Hoje, temos Beethoven vendido em latas de Spray”.

Tudo isso fez com que eu refletisse muito. Muito sobre a frivolidade da arte e suas peripécias, muito sobre a teorização acerca da cultura e educação das massas, e, principalmente, sobre a inércia popular perante a identidade de um povo e sua fiel necessidade e razão de viver. Talvez não só Beethoven venha em latas de spray, mas também, os nossos cérebros. E pensar que pensei tudo isso a partir de uma animação para o público infantil!

foto por Alskander ©als publicada em Em torno do quase.

Hall

àvida condensação
litros e pó l’vidas
umbigos
homens bátega mulheres
monalisas consumíveis
beethovens enlatas d’spray




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Comentários

Túlio música, imagem, conteúdo, links, mensagem com moral e teor social, o que mais se pode querer num café!
Anônimo disse…
Tudo bem, tudo de acordo, mas....
Quem disse que os Peanuts eram para um público infantil?
administrador disse…
Ola Charlie, muito obrigado por ter visitado Pause Café. Respondendo a sua questão "Quem disse que os Peanuts eram para um público infantil?". A resposta é, ninguém menos que o falecido Charles Monroe Schulz, criador das tirinhas. Como sou fá inveterado da série, tenho todos os videos e inclusive a entrevista de Charles... onde diz ter tido muito trabalho para chamar a atenção das crianças para os episódios, por isso a estratégia de desenvolver cenas com ações curtas e novidades a cada episódio. Minha frase final dos post é simplesmente uma ironia, considerando que hoje temos uma ampla produção de programas adultos que não têm a mínima qualidade daquele programa voltado ao público infantil. Imagina!!! RSrs abração e volte sempre!!!!
Juliana Poggi disse…
cai nesse seu post por acaso enquanto escrevia um post sobre Beethoven e concordo em genero numero e grau!
tudo é tão banalizado pela maioria das pessoas e éxatamente isso, as latas de spray explicam muito!